domingo, 12 de abril de 2015

"Parece que já nascem ensinados para estas coisas!"

"Parece que já nascem ensinados para estas coisas!". Ouço e "re-ouço" esta afirmação vezes sem conta enquanto os pais passam com orgulho o seu smartphone para as mãos do pequeno que ainda nem sabe falar... Então o seu rosto ilumina-se e com mestria rapidamente desbloqueia o ecrã e começa a navegar entre páginas do YouTube de onde saem canções, super-heróis e a porquinha Peppa! 
Nos maiores ouço queixas de que passam a tarde no computador. E essas tardes prolongam-se pela noite dentro e entram na madrugada... "A jogar jogos" dizem os pais. "Nas redes sociais e a ver filmes" confessam-me os adolescentes enquanto afagam o seu smartphone bem melhor que o telemóvel obsoleto dos pais!

Computadores, tablets e smartphones fazem, cada vez mais, parte da nossa vida e da dos nossos filhos. E com estes aparelhos vem o cada vez mais fácil e universal acesso à internet... Algo ainda desconhecido para tantos país torna-se banal na vida dos filhos e constante na vida das famílias. 

São inegáveis as vantagens do acesso fácil a uma rede enorme de conhecimento, de informação e comunicação, mas o acesso simples e a naturalidade com que invade a nossa vida não nos deve fazer baixar a guarda relativamente aos riscos associados à sua utilização. São repetido os casos de mau uso e abusos associados às redes sociais, bem como, a exposição da criança a conteúdos desadequados a sua idade. E os risco não estão limitados ao mundo virtual e nem são assim tão fáceis de eliminar. A devassa da vida privada, a calúnia e o abuso passam muitas vezes para a vida real com a exposição facil a predadores, ou como um veículo eficaz de ofensas e agressão que se estendem ao dia a dia bem real. 

Mas estão devemos isolar os nossos filhos destes recursos?

É evidente que não. As novas tecnologias fazem parte da nossa vida e os seus recursos, bem como o seu domínio e conhecimento são, atualmente, uma mais valia para qualquer um. Mas tal como decidimos qual a idade certa para deixar o nosso filho ir sozinho para a escola ou para ajudar a fazer o jantar, e como o alertamos de que não deve falar com estranhos e que deve olhar para os dois lados antes de atravessar a rua, também, relativamente ao mundo virtual e os seus riscos bem reais, devemos ter cautelas. Temos de adequar a autonomia e recursos utilizados à idade e nível de desenvolvimento da criança, bem como devemos alertá-la dos riscos e ensinar-lhe como atuar. 

Assim, a melhor maneira de lidar com a situação é:
1- definir desde cedo as regras de utilização e ir adequando-as às capacidades e interesses da criança,
2- manter supervisão constante, esclarecendo e orientando a utilização,
3- manter-se atualizado quanto aos riscos para poder ensinar a criança/adolescente e antecipar problemas, 
4- ser um bom exemplo utilizando adequadamente os recursos (muitas vezes são os próprios pais que colocam os filhos em risco!).

Não é por todos fazerem que o nosso filho também faz, e não é proibindo ou metendo a cabeça na areia que se resolve a situação. Para lidar com o mundo virtual é essencial conhecer os programas, procurar informação ativamente e acima de tudo falar abertamente com os miúdos e alertá-los de forma construtiva e cúmplice para que nada passe em claro. Uma fonte óptima de informação é o site http://www.miudossegurosna.net. Use e abuse desta informação, mantenha-se atento e não facilite!

Lembre-se que inevitavelmente a internet e os seus recursos fazem parte da nossa vida. Mas pegar num tablet não é a mesma coisa que pegar num livro, e publicar uma foto no facebook não é a mesma coisa que mostrar o álbum de fotografias às amigas na escola. 

Esteja atento, oriente, ensine e supervisione...e seja um bom exemplo!