quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Sabia que o seu filhote, que balbucia sons incompreensíveis, já percebe algumas palavras que lhe diz?

Pois é. Sabia que o seu filho percebe bem mais do que o que consegue dizer? Já deve ter reparado. A verdade é que o desenvolvimento da linguagem compreensiva ( aquilo que percebemos) precede em vários meses a linguagem expressiva ( aquilo que dizemos). O seu filho responde ao nome muito antes de o saber dizer ou já se aproxima da porta mal ouve a palavra " rua" muito antes de o saber pedir. Por isso é tão importante falar com ele desde cedo... Tudo deve ser motivo de "conversa". Opte por utilizar frases curtas, com bastante entoação e mímica associada, centradas na palavra principal e com muita  brincadeira à mistura. Estudos mostraram que as crianças precisam de ouvir milhares de vezes a mesma palavra antes de serem capazes de a reproduzir. Assim nunca é demasiado cedo para começar a falar com ele...Do que está à espera?! 
Boas conversas!

Sabia que o "não" também se gasta?

Sabia que o "não" também se gasta, os berros perdem volume e os castigos passam de prazo? A verdade é que todas estas coisas quando começam a ser comuns perdem a sua força e tiram-nos crédito. É o que acontece quando dizemos "não" por tudo e por nada, quando levantamos o tom de voz tantas vezes que quase parece que falamos sempre assim e quando tudo é motivo para reprimenda ou castigo. A criança já não liga e ficamos fragilizados e mesmo fora de nós, comprometendo a estratégia educativa. 
Então como fazer? Primeiro de tudo podemos procurar antecipar as situações que propiciam o conflito. Todos sabemos que crianças com sono ou fome ficam mais irritáveis, que quando estão a fazer algo que gostam é mais difícil de pararem para fazer o que dizemos, ou então que vai haver confusão quando chegamos a casa e nos dedicamos as tarefas domésticas "ignorando" os pequenos. Assim, tente prevenir ou então ter um plano com uma estratégia educativa adequada à situação que antecipou.  E é importante escolher as batalhas, o que não é realmente prevenivel ou o que é realmente grave, porque de outra forma quem acaba por fazer birra somos nós. De nada serve perder a calma ao primeiro "já vou" ou fazer ameaças que não vamos poder cumprir .... O segredo é centrarmo-nos na "boa" atenção e dedicarmos-lhes algum tempo, respeitarmos o seu espaço e-muito importante- explicar a regras de antemão (incluindo consequências ou compensações).
Depois é importante promover um ambiente agradável e seguro que permita à criança participar nas nossas tarefas por um lado, e também permita dar aso à curiosidade e seu espírito explorador sem termos de estar sempre a dizer " não faças isto ou aquilo", a elevar a voz para chamar a atenção ou a castigar quando as coisas correm diferente do desejado por nós.
Não esqueça que a intervenção pela positiva tem mais sucesso, a longo prazo, para além de ser mais agradável.
Fácil?! Não, não é fácil...mas vale a pena tentar...

domingo, 7 de dezembro de 2014

O leite e a sopa são os melhores alimentos para o meu filho?

E se eu lhe dissesse que o leite e a sopa não são os melhores alimentos para o seu filho! Ficaria surpreso, certo?! Eu passo a explicar. 

É frequente os pais terem ansiedade acerca da alimentação dos seus filhos. E é também frequente recorrerem à velha fórmula do biberão de leite "bem cheio" e a uma sopa "com tudo" para ficarem tranquilos. Porquê? Porque consideram esta a estratégia mais segura e eficaz de fazer face às "birras e caprichos" alimentares do seu filho e a forma mais fácil de assegurar que ele "come bem". Mas será esta a alimentação mais correcta?

De todo. Este tipo de atitude só cria ou perpétua problemas. Este género de dieta faz sentido no início da diversificação alimentar, mas prolongar a "dieta de bebê" infinitamente tem implicações nutricionais, desenvolvimentais e sociais. De facto, a alimentação que fazemos resulta da aprendizagem dos princípios alimentares implementados e treinados nos primeiros anos de vida (quer em quantidade como em qualidade de alimentos, rotinas e regras) reflexo das experiências vividas, dos exemplos observados e dos hábitos estabelecidos. Assim, importa investir nesta aprendizagem. Então como o fazer?

A diversificação alimentar, iniciada entre os quatro e os seis meses, tem como objectivos, dar resposta às necessidades nutricionais de um organismo em pleno crescimento e também ensinar as bases da alimentação para que no segundo ano de vida a criança passe a integrar a dieta familiar saudável, com algumas adaptações. Deste conceito fazem parte a progressiva transição para uma dieta sólida e variada e a também progressiva autonomização da criança na sua alimentação. Para cumprir este repto a criança tem de ser exposta a diversidade de alimentos e texturas, abandonando progressivamente biberões e comida passada e passando a fazer refeições completas em família. A criança vai transitar de uma dieta cuja maior parte das calorias vinha das gorduras para dar lugar aos hidratos de carbono, de uma dieta centrada num alimento para uma alimentação diversificada. Mas vai também passar a acompanhar a família nas refeições, a aprender a estar à mesa e a comer sozinha, para além de aprender a mastigar dando treino a músculos que posteriormente também serão essenciais na fala. Todas estas experiências são essenciais para aprendizagem da alimentação saudável.

Por tudo isto, é que à medida que a criança cresce deve-se afastar da dieta à base de leite e sopa "com tudo", passando a ter uma dieta variada, rica em sabores, cores e texturas, onde ela é mais autônoma e pode seguir os exemplos dos que a rodeiam. 
Mas então a sopa e o leite não são bons?

São bons sim, mas não são definitivamente os melhores substituindo-se a todos os outros, pois não asseguram uma alimentação equilibrada, saudável e plena de sabor e educação e integradora nos hábitos familiares e culturais. Com o crescimento, o leite (ou seus derivados) deve manter-se na dieta mas ir perdendo a preponderância inicial, permitindo à criança evoluir nas suas experiências alimentares. O mesmo acontece com a sopa. A sopa é um óptimo alimento e deve fazer sempre parte da dieta da criança mas não a deve impedir de experimentar e de se habituar a comer outros alimentos complementares. É essencial que a criança se habitue a comer o prato após a sopa,  isto é, comida sólida e com sabores individualizados integrando legumes, farináceos, carne ou peixe... A própria sopa também deve variar em textura e sabores predominantes. Só assim se estimula a mastigação, os paladares, se quebra a monotonia e se assegura uma dieta equilibrada. 

Em suma, estes dois alimentos são importantes mas não devem ser a base da dieta da criança nem limitar a sua experiência alimentar. E como em tudo o que são hábitos, é mais fácil prevenir e investir numa aprendizagem alimentar correta que depois tentar remediar. 

Lembre-se, a maneira como a criança se alimenta nos primeiros anos de vida vai influenciá-la para toda a vida!

Vamos estimular a "escrita educativa"?

Muitas crianças quando sentem que determinada atividade tem subjacente a ideia de "trabalho" tornam-se resistentes em a fazer. E porquê? Porque insistimos para que a façam de uma forma desenquadrada, apenas com o objectivo de melhorar o desempenho através do treino.

Mas haverá outras formas de o fazer? A chave é apresentar a atividade de uma forma lúdica. Ninguém resiste a um bom momento de brincadeira e de atenção.

Uma boa sugestão para estimular, por exemplo, a escrita é oferecer à criança (ou melhor ainda, construir com ela) um diário... Ao escrevê-lo a criança vai estar não só a treinar a escrita mas também vai fazer um exercício de reflexão acerca do seu dia e dos sentimentos que este motivou. Para o adolescente este momento é de privacidade mas nas criança mais pequenas pode ser um momento vosso, de partilha de experiências e ensinamentos, que se iniciado precocemente pode tornando-se um hábito, ainda antes da criança saber escrever.

Então como incentivar o seu filho a escrever um diário?

1- escolha ou construa com a criança o caderno ou a capa de folhas que será o diário. Coloquem muito empenho e magia na sua elaboração como se de um ritual de passagem se tratasse.

2- tornem o diário num livro de memórias incluindo recortes, fotos e outros elementos ao género de um scrapbook. Tudo pode ser aproveitado para servir como pretexto para escrever - um bilhete de cinema, uma folha do parque, uma pedra, uma foto etc.

2- pré-estabeleça os dias (mínimos) em que vão escrever e acompanhe a criança na tarefa (pelo menos nos primeiros tempos, depois pode limitar-se a ver o resultado final e a refletir sobre ele). Não pode haver esquecimentos sob risco de se perder a rotina!

3- motive a criança ao planear mostrar os registo efetuados aos entes queridos, p ex, se o pai está mais ausente à semana, a leitura deste registo ao fim de semana vai ser um agradável momento em família.

4- adapte o tipo de registos à idade da criança. Os primeiros registos podem ser feitos em desenho, depois pode evoluir acrescentado palavras chave escolhidas pela criança e soletradas por si. Posteriormente evoluirão para pequenas frases e por fim a criança escreverá livremente. As formas de registo podem variar desde a ilustração à poesia.  

5- o que vão registar vai depender da criança e do objectivo pretendido em termos de "ensinamento". Podem centrar-se nas coisas boas estabelecendo que será sempre efetuado o registo de um número determinado de coisas boas (isto é, de que a criança está grata) que aconteceram nesse dia. Esta é uma boa opção quando achamos que os miúdos não dão valor a nada e os queremos incentivar a ter sentimentos positivos e de gratidão. Ou pode ser o tradicional registo de acontecimentos ao qual deve ser estimulada a associação dos sentimentos que estes motivaram. Esta escrita mais livre serve também para explorar alguns conflitos e angústias e ajuda a criança a verbalizar e a lidar com essas situações.

Em suma, quais são as ideias essenciais desta sugestão? O essencial é aderirem ao desafio. As regras vão-se definindo ao longo do tempo, em conjunto com os vossos filhos, para que ninguém perca o entusiasmo... E qual o resultado? O resultado é que com esta atividade vai estimular no seu filho o gosto pela escrita e pela reflexão acerca do seu dia a dia, vai partilhar com ele momentos únicos e vão divertir-se. E depois será fantástico reverem o que foi sendo escrito, reviver memórias e fazer notar o crescimento e a evolução...

Boas escritas!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

"A verdade"

A verdade...a verdade é que às vezes esquecermo-nos que brincar vale tanto ou mais que muitas atividades estruturadas, que as respostas às perguntas incessantes, por vezes cansativas, são bem melhores que uma lição, que as histórias e aventuras partilhadas valem mais que muitos textos lidos, que a soma de gargalhadas vale mais que equações, que divergências e argumentações são mais estruturantes que passos ordeiros e vazios...
A verdade... A verdade é que às vezes nos esquecemos que não queremos que os nossos filhos sejam os melhores...queremos sim que sejam felizes!!!
Já riu com o seu filho hoje?


Livro de instruções do bebe

Muitas vezes a primeira coisa que os futuros pais ou os recém-pais me dizem ou que vislumbro no seu olhar assustado é o tradicional " porque é que os bebés não nascem com livro de instruções!?". E acrescentam "São tantas as coisas a fazer e a aprender, entre fraldas, bodies, banhos e choros...e o pior é que todos à nossa volta têm opiniões, palpites e regras ...e diferentes! Não queremos fazer as coisas mal!!!"

E é aí que sei que teremos pano para mangas de conversa... Pergunto-lhes apenas " e o que fez com o livro de instruções da máquina de lavar ou do telemóvel"?, e bombardeio logo a seguir " e que dedicação tem a máquina de lavar e ao telemóvel?" 

A verdade é que não é preciso nem desejável que os bebes venham com livro de instruções. 

É precisamente a busca dessas instruções no próprio "aparelho" que reforça os laços e nos ensina a ser pais. Temos de ler choros e esgares, sentir aconchegos e esperneios, perscrutar enfados e reconhecer caprichos. 

É um trabalho de detetive ...em que as pistas descobertas são de profundo amor e por si só gratificantes e construtivas.

Na realidade, para cuidar de um bebe são apenas necessárias três coisas - amor, bom senso e ideias organizadas em temas centrais.

O amor abre-nos o coração para a leitura dos sinais que o bebé vai "emitindo" e leva-nos cada dia a procurar fazer o melhor. 

O bom senso ajuda-nos na decisão acertada e evita que essa luta obstinada pelo melhor se transforme em bloqueio.

As ideias organizadas em temas centrais (alimentação, segurança ...) sob orientação de um profissional ajudam a que o bom senso prevaleça.

E ao fim de um mês os pais já escreveram as primeiras páginas do livro de instruções de um "aparelho" único, que só eles conhecem como ninguém.

Se viessem com livro de instruções...Ai se os bebés viessem com livro de instruções! Corríamos o risco de ir diretamente ao guia rápido, carregar no botão e nem ficar para ver se funcionava...