quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Sabia que o seu filhote, que balbucia sons incompreensíveis, já percebe algumas palavras que lhe diz?

Pois é. Sabia que o seu filho percebe bem mais do que o que consegue dizer? Já deve ter reparado. A verdade é que o desenvolvimento da linguagem compreensiva ( aquilo que percebemos) precede em vários meses a linguagem expressiva ( aquilo que dizemos). O seu filho responde ao nome muito antes de o saber dizer ou já se aproxima da porta mal ouve a palavra " rua" muito antes de o saber pedir. Por isso é tão importante falar com ele desde cedo... Tudo deve ser motivo de "conversa". Opte por utilizar frases curtas, com bastante entoação e mímica associada, centradas na palavra principal e com muita  brincadeira à mistura. Estudos mostraram que as crianças precisam de ouvir milhares de vezes a mesma palavra antes de serem capazes de a reproduzir. Assim nunca é demasiado cedo para começar a falar com ele...Do que está à espera?! 
Boas conversas!

Sabia que o "não" também se gasta?

Sabia que o "não" também se gasta, os berros perdem volume e os castigos passam de prazo? A verdade é que todas estas coisas quando começam a ser comuns perdem a sua força e tiram-nos crédito. É o que acontece quando dizemos "não" por tudo e por nada, quando levantamos o tom de voz tantas vezes que quase parece que falamos sempre assim e quando tudo é motivo para reprimenda ou castigo. A criança já não liga e ficamos fragilizados e mesmo fora de nós, comprometendo a estratégia educativa. 
Então como fazer? Primeiro de tudo podemos procurar antecipar as situações que propiciam o conflito. Todos sabemos que crianças com sono ou fome ficam mais irritáveis, que quando estão a fazer algo que gostam é mais difícil de pararem para fazer o que dizemos, ou então que vai haver confusão quando chegamos a casa e nos dedicamos as tarefas domésticas "ignorando" os pequenos. Assim, tente prevenir ou então ter um plano com uma estratégia educativa adequada à situação que antecipou.  E é importante escolher as batalhas, o que não é realmente prevenivel ou o que é realmente grave, porque de outra forma quem acaba por fazer birra somos nós. De nada serve perder a calma ao primeiro "já vou" ou fazer ameaças que não vamos poder cumprir .... O segredo é centrarmo-nos na "boa" atenção e dedicarmos-lhes algum tempo, respeitarmos o seu espaço e-muito importante- explicar a regras de antemão (incluindo consequências ou compensações).
Depois é importante promover um ambiente agradável e seguro que permita à criança participar nas nossas tarefas por um lado, e também permita dar aso à curiosidade e seu espírito explorador sem termos de estar sempre a dizer " não faças isto ou aquilo", a elevar a voz para chamar a atenção ou a castigar quando as coisas correm diferente do desejado por nós.
Não esqueça que a intervenção pela positiva tem mais sucesso, a longo prazo, para além de ser mais agradável.
Fácil?! Não, não é fácil...mas vale a pena tentar...

domingo, 7 de dezembro de 2014

O leite e a sopa são os melhores alimentos para o meu filho?

E se eu lhe dissesse que o leite e a sopa não são os melhores alimentos para o seu filho! Ficaria surpreso, certo?! Eu passo a explicar. 

É frequente os pais terem ansiedade acerca da alimentação dos seus filhos. E é também frequente recorrerem à velha fórmula do biberão de leite "bem cheio" e a uma sopa "com tudo" para ficarem tranquilos. Porquê? Porque consideram esta a estratégia mais segura e eficaz de fazer face às "birras e caprichos" alimentares do seu filho e a forma mais fácil de assegurar que ele "come bem". Mas será esta a alimentação mais correcta?

De todo. Este tipo de atitude só cria ou perpétua problemas. Este género de dieta faz sentido no início da diversificação alimentar, mas prolongar a "dieta de bebê" infinitamente tem implicações nutricionais, desenvolvimentais e sociais. De facto, a alimentação que fazemos resulta da aprendizagem dos princípios alimentares implementados e treinados nos primeiros anos de vida (quer em quantidade como em qualidade de alimentos, rotinas e regras) reflexo das experiências vividas, dos exemplos observados e dos hábitos estabelecidos. Assim, importa investir nesta aprendizagem. Então como o fazer?

A diversificação alimentar, iniciada entre os quatro e os seis meses, tem como objectivos, dar resposta às necessidades nutricionais de um organismo em pleno crescimento e também ensinar as bases da alimentação para que no segundo ano de vida a criança passe a integrar a dieta familiar saudável, com algumas adaptações. Deste conceito fazem parte a progressiva transição para uma dieta sólida e variada e a também progressiva autonomização da criança na sua alimentação. Para cumprir este repto a criança tem de ser exposta a diversidade de alimentos e texturas, abandonando progressivamente biberões e comida passada e passando a fazer refeições completas em família. A criança vai transitar de uma dieta cuja maior parte das calorias vinha das gorduras para dar lugar aos hidratos de carbono, de uma dieta centrada num alimento para uma alimentação diversificada. Mas vai também passar a acompanhar a família nas refeições, a aprender a estar à mesa e a comer sozinha, para além de aprender a mastigar dando treino a músculos que posteriormente também serão essenciais na fala. Todas estas experiências são essenciais para aprendizagem da alimentação saudável.

Por tudo isto, é que à medida que a criança cresce deve-se afastar da dieta à base de leite e sopa "com tudo", passando a ter uma dieta variada, rica em sabores, cores e texturas, onde ela é mais autônoma e pode seguir os exemplos dos que a rodeiam. 
Mas então a sopa e o leite não são bons?

São bons sim, mas não são definitivamente os melhores substituindo-se a todos os outros, pois não asseguram uma alimentação equilibrada, saudável e plena de sabor e educação e integradora nos hábitos familiares e culturais. Com o crescimento, o leite (ou seus derivados) deve manter-se na dieta mas ir perdendo a preponderância inicial, permitindo à criança evoluir nas suas experiências alimentares. O mesmo acontece com a sopa. A sopa é um óptimo alimento e deve fazer sempre parte da dieta da criança mas não a deve impedir de experimentar e de se habituar a comer outros alimentos complementares. É essencial que a criança se habitue a comer o prato após a sopa,  isto é, comida sólida e com sabores individualizados integrando legumes, farináceos, carne ou peixe... A própria sopa também deve variar em textura e sabores predominantes. Só assim se estimula a mastigação, os paladares, se quebra a monotonia e se assegura uma dieta equilibrada. 

Em suma, estes dois alimentos são importantes mas não devem ser a base da dieta da criança nem limitar a sua experiência alimentar. E como em tudo o que são hábitos, é mais fácil prevenir e investir numa aprendizagem alimentar correta que depois tentar remediar. 

Lembre-se, a maneira como a criança se alimenta nos primeiros anos de vida vai influenciá-la para toda a vida!

Vamos estimular a "escrita educativa"?

Muitas crianças quando sentem que determinada atividade tem subjacente a ideia de "trabalho" tornam-se resistentes em a fazer. E porquê? Porque insistimos para que a façam de uma forma desenquadrada, apenas com o objectivo de melhorar o desempenho através do treino.

Mas haverá outras formas de o fazer? A chave é apresentar a atividade de uma forma lúdica. Ninguém resiste a um bom momento de brincadeira e de atenção.

Uma boa sugestão para estimular, por exemplo, a escrita é oferecer à criança (ou melhor ainda, construir com ela) um diário... Ao escrevê-lo a criança vai estar não só a treinar a escrita mas também vai fazer um exercício de reflexão acerca do seu dia e dos sentimentos que este motivou. Para o adolescente este momento é de privacidade mas nas criança mais pequenas pode ser um momento vosso, de partilha de experiências e ensinamentos, que se iniciado precocemente pode tornando-se um hábito, ainda antes da criança saber escrever.

Então como incentivar o seu filho a escrever um diário?

1- escolha ou construa com a criança o caderno ou a capa de folhas que será o diário. Coloquem muito empenho e magia na sua elaboração como se de um ritual de passagem se tratasse.

2- tornem o diário num livro de memórias incluindo recortes, fotos e outros elementos ao género de um scrapbook. Tudo pode ser aproveitado para servir como pretexto para escrever - um bilhete de cinema, uma folha do parque, uma pedra, uma foto etc.

2- pré-estabeleça os dias (mínimos) em que vão escrever e acompanhe a criança na tarefa (pelo menos nos primeiros tempos, depois pode limitar-se a ver o resultado final e a refletir sobre ele). Não pode haver esquecimentos sob risco de se perder a rotina!

3- motive a criança ao planear mostrar os registo efetuados aos entes queridos, p ex, se o pai está mais ausente à semana, a leitura deste registo ao fim de semana vai ser um agradável momento em família.

4- adapte o tipo de registos à idade da criança. Os primeiros registos podem ser feitos em desenho, depois pode evoluir acrescentado palavras chave escolhidas pela criança e soletradas por si. Posteriormente evoluirão para pequenas frases e por fim a criança escreverá livremente. As formas de registo podem variar desde a ilustração à poesia.  

5- o que vão registar vai depender da criança e do objectivo pretendido em termos de "ensinamento". Podem centrar-se nas coisas boas estabelecendo que será sempre efetuado o registo de um número determinado de coisas boas (isto é, de que a criança está grata) que aconteceram nesse dia. Esta é uma boa opção quando achamos que os miúdos não dão valor a nada e os queremos incentivar a ter sentimentos positivos e de gratidão. Ou pode ser o tradicional registo de acontecimentos ao qual deve ser estimulada a associação dos sentimentos que estes motivaram. Esta escrita mais livre serve também para explorar alguns conflitos e angústias e ajuda a criança a verbalizar e a lidar com essas situações.

Em suma, quais são as ideias essenciais desta sugestão? O essencial é aderirem ao desafio. As regras vão-se definindo ao longo do tempo, em conjunto com os vossos filhos, para que ninguém perca o entusiasmo... E qual o resultado? O resultado é que com esta atividade vai estimular no seu filho o gosto pela escrita e pela reflexão acerca do seu dia a dia, vai partilhar com ele momentos únicos e vão divertir-se. E depois será fantástico reverem o que foi sendo escrito, reviver memórias e fazer notar o crescimento e a evolução...

Boas escritas!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

"A verdade"

A verdade...a verdade é que às vezes esquecermo-nos que brincar vale tanto ou mais que muitas atividades estruturadas, que as respostas às perguntas incessantes, por vezes cansativas, são bem melhores que uma lição, que as histórias e aventuras partilhadas valem mais que muitos textos lidos, que a soma de gargalhadas vale mais que equações, que divergências e argumentações são mais estruturantes que passos ordeiros e vazios...
A verdade... A verdade é que às vezes nos esquecemos que não queremos que os nossos filhos sejam os melhores...queremos sim que sejam felizes!!!
Já riu com o seu filho hoje?


Livro de instruções do bebe

Muitas vezes a primeira coisa que os futuros pais ou os recém-pais me dizem ou que vislumbro no seu olhar assustado é o tradicional " porque é que os bebés não nascem com livro de instruções!?". E acrescentam "São tantas as coisas a fazer e a aprender, entre fraldas, bodies, banhos e choros...e o pior é que todos à nossa volta têm opiniões, palpites e regras ...e diferentes! Não queremos fazer as coisas mal!!!"

E é aí que sei que teremos pano para mangas de conversa... Pergunto-lhes apenas " e o que fez com o livro de instruções da máquina de lavar ou do telemóvel"?, e bombardeio logo a seguir " e que dedicação tem a máquina de lavar e ao telemóvel?" 

A verdade é que não é preciso nem desejável que os bebes venham com livro de instruções. 

É precisamente a busca dessas instruções no próprio "aparelho" que reforça os laços e nos ensina a ser pais. Temos de ler choros e esgares, sentir aconchegos e esperneios, perscrutar enfados e reconhecer caprichos. 

É um trabalho de detetive ...em que as pistas descobertas são de profundo amor e por si só gratificantes e construtivas.

Na realidade, para cuidar de um bebe são apenas necessárias três coisas - amor, bom senso e ideias organizadas em temas centrais.

O amor abre-nos o coração para a leitura dos sinais que o bebé vai "emitindo" e leva-nos cada dia a procurar fazer o melhor. 

O bom senso ajuda-nos na decisão acertada e evita que essa luta obstinada pelo melhor se transforme em bloqueio.

As ideias organizadas em temas centrais (alimentação, segurança ...) sob orientação de um profissional ajudam a que o bom senso prevaleça.

E ao fim de um mês os pais já escreveram as primeiras páginas do livro de instruções de um "aparelho" único, que só eles conhecem como ninguém.

Se viessem com livro de instruções...Ai se os bebés viessem com livro de instruções! Corríamos o risco de ir diretamente ao guia rápido, carregar no botão e nem ficar para ver se funcionava...


domingo, 30 de novembro de 2014

Estou a educar ou a pisar o risco?!

Educar não é fácil e muitas vezes dámo-nos conta a pensar se não estamos a ser demasiado exigentes, demasiado duros ou até demasiado agressivos, intempestivos e assustadores.  

Para nos ajudar a saber se estamos a "pisar o risco" com os nossos filhos podemos fazer dois exercícios:
- colocar-nos no lugar da criança e pensar como gostaríamos de ser tratados nessa situação,
- imaginar como seria se em nosso lugar estivesse outra pessoa e nós estivéssemos a ver a cena, isto é, se gostaríamos de ver alguém a tratar assim o nosso filho?!
Estes exercícios vão nos ajudar a restabelecer o equilíbrio e a saber como agir.

É importante não esquecer que enquanto pais, a cada passo deparamo-nos  com situações com as quais não estamos preparados para lidar. O ideal nessas situações é sabermos agir de uma forma positiva e construtiva, no entanto, muitas vezes somos apanhados de surpresa, estarmos exaustos ou stressados -porque o tempo passa a correr, porque temos mil e uma coisa para fazer...- e acabamos por "reagir". Perdemos a paciência ("e a cabeça") e enveredarmos por um tipo de comportamento que não só não educa como prejudica a relacao e a harmonia familiar. 
É importante aprendermos a reconhecer quer na criança quer em nós os estados de espírito e as situações que favorecem o conflito e o descontrolo, e nessas alturas favorecer os momentos de harmonia e brincadeira para evitarmos "pisar o risco" com aqueles que mais amamos. Não é fácil, mas vale a pena o esforço...




sábado, 29 de novembro de 2014

Dica:"brincadeiras inesperadas"

Sabia que: Momentos de brincadeira inesperados reforçam os laços entre pais e filhos e fomentam a curiosidade e o conhecimento. 

Sugestão: quando estiver a andar na rua com o seu filho e passar numa frutaria, mercearia ou minimercado entre.  Aproveite a ocasião para conversar divertidamente como seu filho acerca de frutas e legumes. Vai demorar uns minutos e Nao precisa de comprar nada.  A Ideia é brincar e não dar uma aula ou avaliar os conhecimentos, por isso divirtam-se. Seguem-se algumas ideias:
- brinquem a identificar frutas e legumes ( Este legume verde é um repolho, e aquele que parece uma bola sabes o que é?),
- formulem adivinhas ( estou a ver um fruto amarelo, sabes qual é? Agora é a tua vez?),
- agrupem alimentos ( quais destes legumes pomos na sopa?), 
- partilhem gostos com frases repletas de adjectivos, sentimentos e histórias (Eu adoro banana porque é docinha e me faz lembrar quando era pequena e o avô desenhava uma cara nas bananas e brincávamos.  e tu?) , 
- estimulem a imaginação e a gargalhada ( o que te parece esta batata? A mim parece um carro. Consegues descobrir aí alguma batata especial ?)

E no fim pode sempre perguntar se o seu filho quer que compre algum legume ou fruta para o almoço ou jantar desse dia...vai ver que ele o vai aceitar muito melhor...

Este tipo de jogos, que pode ser replicado em outros ambientes ou situações, estimulam a linguagem, a aquisição de conhecimentos e o conhecimento mútuo, para além de ser um momento só vosso, divertido, que terão para contar e relembrar...

 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Querem perceber melhor o comportamento dos vossos filhos? Façam o teste!!

Respondam as perguntas com sim/não pensando no comportamento do vosso filho no dia de ontem ou de hoje (dia típico):
1- acordou facilmente e bem disposto porque na véspera se deitou a horas quando se sentiu cansado?
2- tomou o pequeno almoço com tempo, sentado e tranquilo?
3- fez dois lanches durante o dia e pelo menos num deles incluiu fruta?
4- comeu ( sem dificuldade) sopa ao almoço e ao jantar?
5- comeu ( sem dificuldade) legumes no prato e fruta a sobremesa?
6- quando frustrado por não conseguir fazer as coisas como queria descarregou a fúria nos objectos ou nas pessoas a sua volta?
7- quando contrariado ou quando não fizeram o que queria berrou, bateu ou chamou nomes? 
8- partilhou as experiências do seu dia em conversa, nomeadamente na viagem de carro ou a refeição?
9- terminadas as tarefas passou a maior parte do tempo a ver televisão/computador/tablet?
10- foi simpático e carinhoso, fez elogios e agradeceu em momentos apropriados?

Agora responda às mesmas perguntas pensando no vosso (mãe e pai) comportamento. Comparem as respostas. Surpreendidos? 
O vosso exemplo, mau ou bom, vale mais que mil palavras!!!




Dica:"Leitura criativa"

Se o seu filho está em idade escolar incentive o treino da leitura não só com recurso a livros mas também a revistas ou jornais do seu interesse. Nas revistas e jornais como os textos são curtos e habitualmente vêm acompanhados de ilustrações são mais apelativos. A oferta de uma assinatura de uma revista pode ser uma óptima ideia...recebercorreio é fantástico!!! E lembre-se que não interessa se é um jornal desportivo ou uma revista sobre motas...desde que bem escrito, com conteúdos aceitáveis e do interesse do seu filho, o que importa é que o seu filho leia!

A vacina de que todos falam!

Começou a ser comercializada há uns meses em Portugal a vacina contra o meningococo do grupo B ( nome comercial Bexsero). Dar ou não dar esta vacina tem feito correr muita tinta mas a principal reticência parece estar centrada nos aspetos econômicos já que cada dose ronda os 100 euros.
Então vejamos...

A doença meningocócica é uma infecção grave causada por Neisseria meningitidis sendo responsável por casos de sepsis e meningite com os desfechos catastróficos que ouvimos nos meios de comunicação.

A doença meningococica actualmente é uma doença rara, com cerca de 80 a 90 casos por ano no nosso país. 

Esta doença pode atingir qualquer pessoa mas é nos mais novos que tem maior incidência, e com especial predomínio e morbimortalidade nos primeiros seis meses de vida. As estatísticas variam mas os números médios apontam para mortalidade na ordem dos 10-15% e sequelas em cerca de 15-20% dos sobreviventes, nomeadamente com incapacidade significativa devido a alterações neurológicas ou amputações. 

Existem  vários serogrupos conhecidos de meningococo e apesar de de todos eles poderem dar origem  a doença a sua distribuição geográfica varia. Na Europa predominam os serogrupos B e C. 

Quanto a vacinas, já existia a polissacarida para os serogrupos A, C, W135 e Y, e a conjugada para o serogrupo C que já faz parte do nosso programa nacional de vacinação (PNV) desde 2006.

Desde que a vacina anti-meningococo do grupo C foi introduzida no nosso PNV a incidência da doença  meningicocica desceu para cerca de 1 caso por cada 100 000 habitantes. Também a proporção relativa de cada serotipo alterou-se agora com predominio do serogrupo B. 

A nova vacina anti-meningococica vem dar resposta ao atual predomínio do grupo B. Não se conhece com precisão qual a percentagem das estirpes circulantes em Portugal cobertas pela vacina, mas ela é actualmente a única forma de protecao contra a doença causada por este serogrupo.

Ao longo do processo de desenvolvimento da vacina foram realizados vários ensaios clínicos em lactentes com idade superior a dois meses, adolescente e adultos e a vacina demonstrou ser imunogenica, segura e induzir memória imunológica em todos os grupos etários. 

Foram também estudados os efeitos secundários com febre (10 a 15%) e reacções locais a terem uma incidência semelhante às vacinas do PNV e facilmente controláveis com paracetamol.

Foi também testada e confirmada a compatibilidade da sua administração, em simultâneo, com as vacinas do PNV  e a vacina anti-pneumococica conjugad ( nome comercial Prevenar). No entanto, a frequência de efeitos secundários, locais e sistémicos, é maior quando administrada em simultâneo com as vacinas do PNV. Estes efeitos secundários não são graves e a imugenicidade das várias vacinas não é significativamente alterada. 

A sociedade portuguesa de pediatria recomenda que esta vacina pode ser dada a bebês, crianças e adolescentes nos esquemas recomendados para prevenir a doença por este agente.

O senão é que são necessárias várias doses para completar a vacinação e cada dose custa cerca de 99 euros! E se intuitivamente poderíamos pensar em adiar uns meses o início da vacinação para poupar umas doses, a verdade é que é nas idades mais precoces que o risco é maior.

Veja o esquema recomendado:


Em resumo, estamos a falar de uma vacina que vem prevenir uma doença rara mas de elevada morbimortalidade. Os estudos demonstraram ser segura e imunogenica. O ideal é iniciar a vacinação antes dos seis meses para que a criança fique protegida o quanto antes. O único problema é o preço mas desde que financeiramente suportável parece-me ser um bom investimento. Os últimos trinta anos demonstraram-nos que a vacinação foi uma das melhores e mais eficazes medidas de saúde implementadas.  

Espero que este post tenha servido para esclarecer algumas dúvidas acerca desta vacina. Agora é discutir o assunto com os profissionais de saúde que seguem as vossas crianças...e também fazer contas. Talvez algumas prendas de Natal possam ser substituídas por financiamento às vacinas...


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Dicas para um Natal educativo -"A carta ao Pai Natal"

Participar e incentivar a elaboração da carta ao pai natal pode constituir uma divertida atividade em família a ser aproveitada para estimular a linguagem, promover noções de quantidade, gestão e economia, análise de prós e contras, noções de prioridade, utilidade e consequências das suas escolhas...
Por outro lado, a posterior partilha da carta pelos vários duendes do pai natal vai evitar o gasto excessivo pelos pais, o bombardear de prendas e assegura que a criança obtém alguns itens que escolheu.

Os pais aqui vão servir de reguladores ajudando na tarefa de decisão mas não se substituindoà criança.
 
Algumas dicas:
1-Comecem por definir as regras explicando a criança que da lista o pai natal depois extrairá apenas algumas das prendas a oferecer. Isto vai fazer com que a criança inclua na lista apenas o que quer realmente.
2- Explore com a criança catálogos de prendas e brinquedos.
3-  Permita que a criança eleja os itens que gosta e depois sob a sua orientação explore prós e contras para que ela limite as escolhas a meia dúzia que lhe são prioritários. Ajude-a a optar por brinquedos que passam a habituais ( ie, que não ficam esquecidos logo no primeiro dia), por brinquedos resistentes e seguros ( muitos estragam-se logo no meio de tanta excitação) , que evitem pilhas, que sejam educativos e estimulem a imaginação e criatividade e que sejam adequados ao estado de desenvolvimento da criança ( não ligue só a idade indicada mas ao que a sua criança já consegue fazer). Pode discutir também o preço se esse for excessivo.
4- incentive também a inclusão de itens como roupa, livros, materiais de trabalho extra como lápis ou canetas diferentes das básicas...os desejos não se limitam a brinquedos...
5- pode também deixar incluir pedidos para outras pessoas se a criança manifestar essa vontade...afinal o pai natal gosta de receber sugestões.
6- se a criança já sabe escrever incentive-a a ser ela a redigir a carta, que pode ser ilustrada pelos mais novos ou então por si e por eles quando eles ainda não o conseguem fazer...

Eis o exemplo cá de casa, onde a grande de 6 anos, que está no primeiro ano, redigiu com a sua letrinha a sua carta ao pai natal...




quarta-feira, 26 de novembro de 2014

É Natal, e agora?

Chegou o Natal e numa época tradicionalmente associada a valores como solidariedade, amor e fraternidade vemo-nos muitas vezes invadidos por um espírito consumista e fumantador do egocentrismo.
A atitude a tomarmos com os nossos filhos relativamente ao natal já fez correr muita tinta. Há defensores de matar desde logo o pai natal enquanto outros estimulam a fantasia, há quem considere que se devem frustrar as crianças e não lhe dar o que pedem enquanto há outros que defendem seguir a lista à risca...
Na verdade, a forma como é celebrado o natal é uma questão muito cultural e familiar refletindo as crenças e imaginário dos próprios pais. Mas tem também muito de educativo e gerador de experiências, memórias e valores pelo que, pelo menos, deverá levar os pais a pensar o que os seus atos transmitem e como afetam as suas crianças.
Considero que, tal como no dia a dia, o Natal pode ser aproveitado para algumas lições de vida, familiares e sociais, mas também para criar um imaginário comum de momentos de brincadeira e partilha.
Mas para isso é necessário que os pais façam uma reflexão conjunta acerca do que querem que seja o Natal na sua família e o que querem transmitir aos seus filhos nesta época. Depois, com o tempo, vão se limando arestas e aperfeiçoando o plano, com muitas tentativas-erro e com mudanças de direção condicionadas pela própria criança.

Deixo pequeno texto sobre a minha experiência pessoal nesta matéria:

"Cresci numa família sonhadora e quentinha, onde a fantasia e criatividade foram sempre incentivadas. Por isso, passados todos estes anos ainda acredito no pai natal...e penso que até já o vi...não sei bem se nos olhos felizes do meu pai ao ver-me abrir os presentes ou naquele abraço doce da minha mãe enquanto eu soltava " era mesmo isso que eu queria". Filha mais nova de uma fratria de três, lembro-me de ser eu a única a fazer cartas ao pai natal...para ter a certeza que ele não se enganava! E ele nunca se enganou, apesar de muitas vezes não respeitar a lista. Talvez por eu começar e terminar a carta com desejos tipo miss pedindo a paz no mundo e o fim da fome...talvez por eu me portar bem...seja lá o que isso for!!! 
Ainda agora a magia persiste, já sem cartas mas sempre com fantasia e surpresa...ainda agora as minha prendas aparecem na manhã do dia de Natal junto à lareira, umas em minha casa e outras nas casas dos que mais amo. 
E agora que também eu sou mãe, não tive a menor dúvida que queria passar este encanto para os meus filhos. Aquele deitar de cabeça na almofada em noite de Natal acompanhado de sonhos e excitação. E na manhã seguinte correr a espreitar, por entre os ramos de uma árvore cintilante, os laços e embrulhos misteriosos...o mistério, a magia e a imaginação nunca fizeram mal a ninguém. Quando são pequenos é relativamente simples fazer magia...das primeiras vezes mais importante que o conteúdo são os laços para arrancar e papéis para rasgar...depois vêm os pedidos pouco específicos e eterios no tempo, misturados com as prendas que os induzimos a pedir...mas naturalmente com o tempo vao surgindo algumas questões...a eles e a nós! 
como explicar que há meninos que não tem prendas porque são pobres quando é dito a cada esquina que o pai natal é mágico e só da prendas a quem se porta bem? Como assegurar a manutenção da magia quando se faz uma lista de pedidos? Como explicar que nem sempre o pai natal traz tudo o que pedimos e também traz coisas que não pedimos? E que alguém mágico não pode trazer qualquer prenda nomeadamente as demasiado caras ou que estão esgotadas? Como assegurar que vão adorar tudo o que ele vai trazer, quer seja a boneca desejada ou o par de meias? E todos aqueles país natal que vemos...então se o virmos não é verdade que já não traz prendas? E porque há pessoas que nos dao prendas em mão?
Metade do trabalhoé feito pelas crianças, com a magia e entusiasmo que lhes é próprio e que trazem dentro de si. Mas com os múltiplos desafio à imaginação vão se ensinando lições...a grandes e pequenos...porque não se quer pequenos ditadores caprichosos e trombudos no natal!
Agora, ca em casa, o pai natal é um senhor mágico que vive num país longínquo e que trabalha muito...é co- financiado pelos pais, por isso as condicionantes económicas associadas...e apesar de gostar de ler as cartas dos meninos, ele próprio tem poderes de saber o que é mais importante para cada um e por isso às vezes as variações na lista. Quanto à carta, esta deve ser mesmo assim feita, e com muita parcimonia, limitada a seis ou sete itens da qual o pai natal escolhera alguns...se tiverem sido boas escolhas. Por isso convém pensar prós e contras de cada brinquedo e não deixar-se entusiasmar com publicidades...E há sempre coisas essenciais a pedir como roupa e livros...pois gostamos de andar bonitos e de aprender...
depois como há pessoas com menos magia em si, há uns senhores que se vestem de pai natal...mas nós não precisamos disso. E como o natal é uma época de amor muitas vezes aproveitamos para presentear quem gostamos e por isso as prendas em mão...que são bem melhores quando feitas por nós...por isso mãos à obra...
E tudo vai tendo explicação...algumas mais fáceis outras mais elaboradas...e o Natal vai-se mantendo quentinho, mágico e sonhador como se quer".

O natal pode ser aproveitado para estimular a imaginação, as escolhas, a brincadeira em família, a solidariedade, a homenagem a quem gostamos, o gosto por dar, entre muitos outros conceitos.
Mais importante que o número ou o valor das prendas é o empenho que lhes colocamos. Demasiadas prendas desviam a criança do essencial e transmitem- lhe a falsa ideia de que pode ter tudo, para além de que habitualmente mais de metade fica esquecida...
Decida que natal quer ter e ensinar aos seus filhos e invista algum tempo a trabalhar nesta ideia...

Feliz natal!




terça-feira, 25 de novembro de 2014

Consulta pré-natal

Quando se planeia ter um filho habitualmente faz-se uma consulta pre concepcional com o obstetra que seguirá a gravidez para planear, esclarecer dúvidas e identificar riscos ou potenciais problemas. Porquê não fazer o mesmo antes do nascimento?
Assim surge a consulta pre natal, para pais esclarecidos que gostam e querem ter um plano para depois do nascimento. Querem também escolher o médico que seguirá o seu filho e com ele esclarecer dúvidas e estabelecer uma auto-estrada de comunicação que permita rapidamente aliviar o stress dos pequenos dilemas que teimam em surgir mas também promover saúde com vista ao futuro.
A consulta surge para que se esclareçam as imensas dúvidas que os pais têm acerca da parentalidade e do cuidado do bebê. São muitas as questões sobre roupas, fraldas e cremes. Surgem também algumas duvidas sobre vacinas e segurança. E são uma oportunidade única para o pediatra iniciar a promoção de saúde do bebê e família, falando de aleitamento, da prevenção da morte súbita, da segurança rodoviária, da poupança para as vacinas extraplano... Serve também para trazer à discussão muitos temas que os pais ainda não pensaram e descomplicar muitas questões...os pais chegam muito preocupados com a logística material e o pediatra aproveita para colocar questões acerca de como planeiam o parto, o que sabem sobre amamentação, como se organizarão depois do bebê nascer, promovendo o bem estar do casal e incentivando o trabalho em equipa. Mas acima de tudo esta consulta deve servir para que os pais escolham o médico que irá acompanha-los nos próximos 18 anos, com quem vão trabalhar em conjunto com vista a um crescimento harmonioso e cumpridor do potencial da criança. É importante que se estabeleça uma relação empática e de confiança, que os pais se sintam à vontade para esclarecer todas a dúvidas...para que desde logo tenham com quem partilhar os stress e as "minhocas" para que os possam resolver...e usufruir de uma parentalidade harmoniosa e feliz centrada no mais importante.
Muitas vezes nessa consulta o profissional esclarece também quando marcar a primeira consulta posnatal e deixa lhes um contacto que servirá para dar tranquilidade e segurança aos pais.
Idealmente devem procurar agendar as consultas pre-natais ( pode ser mais que uma se estiverem em duvida que pediatra escolher, ou se não ficarem satisfeitos à primeira) cerca das 28 semanas de gestação. É a altura ideal pois não estão demasiado focalizados no parto estando centrados no bebe e abertos para dialogar. Por outro lado é a altura de fazer a mala para a maternidade e muitos outros investimentos e uma conversa com um profissional pode evitar gastos desnecessários.
Boa consulta pré-natal! 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A Nossa Pediatra porquê?

A Pediatria surgiu no meu percurso profissional como algo tão natural que nem me recordo exatamente quando esse interesse começou. Nunca disse que queria ser “médica dos bebés” como muitas crianças. Mas a Pediatria e a Medicina sempre fizeram parte da minha vida, quando desde cedo comecei a visitar doentes acompanhando o meu pai. 
Apesar de não o assumir, na hora de decidir a vontade revelou-se naturalmente, e tem-se confirmado a cada dia. Tenho a sorte de fazer o que gosto e de me sentir feliz na minha escolha.
Com o tempo e com a responsabilidade da saúde de muitas crianças a meu cargo, fui-me apercebendo que não era só pediatra, que não era só a "pediatra do meu filho" ou a "minha pediatra" mas era a "nossa Pediatra" e este é agora um conceito que defendo acerrimamente. Mais do que o médico da criança, que verifica a sua saúde e descarrega uma série de conselhos ( e por vezes juízos de valor), a família que se altera quando "encomenda" uma criança precisa de dialogo, proximidade e conhecimento esclarecido no desempenho do novo desafio com que se depara. O Pediatra vem assumir um papel ativo na saúde da criança que segue, com vista à promoção da sua saúde e cumprimento do seu potencial, mas para isso tem de estar atento à família e a todos os quantos interagem com a criança estabelecendo relações de confiança e proximidade e estar disponível para ouvir sem julgar e esclarecer sem condenar. A saúde da criança é também a saúde da família e vice-versa. Por isso o conceito "A Nossa Pediatra" faz todo o sentido! É esse o compromisso que eu e muitos pediatras tentamos cumprir com as "nossas" crianças e famílias e espero que seja isso que encontra no seu pediatra e que vá encontrar com o tempo neste blogue!